O senador e presidente estadual PSD na Bahia, Otto Alencar, terá uma conversa com o ministro de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, na próxima terça-feira (1º), para discutir o “fechamento de questão” do partido na votação da Câmara dos Deputados sobre a autorização para o Supremo Tribunal Federal (STF) investigar o presidente Michel Temer (PMDB).
Ao BNews, Otto Alencar afirmou que o diretório nacional do partido nem sempre pode impor uma decisão aos diretórios estaduais, mas que irá ter esta reunião com o presidente licenciado do PSD para decidir o que será feito. Nas últimas semanas, Temer se reuniu com os 34 deputados federais da legenda em busca de apoio. Os quatro baianos (Sérgio Brito, José Nunes, Paulo Magalhães e Antônio Brigo) estão entre os que foram ouvir as propostas do peemedebista.
Com a bancada da Câmara sob sua orientação, Otto sabe que tem um desafio pela frente. Embora reafirme que não gosta de cabresto e, portanto, não o coloca em nenhum quadro pessedista, a liderança do cacique é respeitada e suas diretrizes são seguidas. De modo que a posição, declaradamente, contra Temer é de conhecimento dos parlamentares da Casa Baixa do Congresso Nacional.
Em levantamento feito pela reportagem do BNews, durante a votação do relatório derrotado do deputado federal Sergio Zveiter (PMDB-RJ), dois deputados do PSD da Bahia tendiam a votar pelo não prosseguimento da ação – Antônio Brito e Paulo Magalhães – e os outros dois ainda não haviam decidido e buscavam alternativas para o caso de optarem pela continuidade do processo no STF – Sérgio Brito e José Nunes -, mas o panorama pode mudar.
Otto Alencar declarou-se contra os interesses do governo Temer. “Um governo que não cumpre palavra e que prejudica a Bahia”. O senador não se furta a criticar os fatos relacionados à corrupção e, para além, está indignado com o bloqueio do empréstimo de R$ 600 milhões para o Estado pelo Banco do Brasil que já havia tido a autorização publicada no Diário Oficial da União. O recuo, segundo Otto, foi provocado por influência de atores do Democratas, leia-se ACM Neto.
Caso consiga a liberação do quarteto do PSD da Bahia, Otto deve orientá-los a votar pelo prosseguimento da denúncia. O precedente dentro do partido também tem potencial para provocar defecções de outros estados.
Tendo a necessidade de colocar 342 presentes para que seja iniciada a votação do substitutivo aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça, o governo enfrenta resistência e tem dificuldade para enterrar o processo. É preciso compreender que no primeiro momento Temer precisa destes 3/5 para que seja aberta a sessão. Uma vez aberta, é a oposição que precisa deste montante para aprovar o prosseguimento da ação.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), definiu que a abertura só será feita quando houver o número necessário para aprovar o processo, por isso os 342 presentes são necessários. Interessante é que o governo, no quadro atual, tem algo em torno de 230 e 250 votos. Para barrar o processo, Temer precisa de 172.
No entanto, no melhor cenário, com 250 votos, sobram ainda 263 votos contra o presidente. A conta é insuficiente para abrir a sessão nos dois lados. Há, na visão de atores políticos ouvidos pela reportagem do BNews, a possiblidade de esta situação se estender até que seja conveniente para a oposição colocar em votação o relatório.
A expectativa é que este momento virá junto às delações de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro. Os acordos de colaboração premiada de ambos estão em processo de finalização, conforme informações divulgadas pela imprensa nacional, mas não se sabe ainda quando serão divulgadas ou vazadas as informações constantes nos depoimentos.
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