Capim Grosso: com quase 200 anos, casa mais antiga do município continua de pé



A residência foi construída por Manoel Amâncio, conhecido por Cazuza, no ano de 1825.
“A casa que vovô morou, o meu pai herdou e ele passou pra mim”, esse trecho da música “A Casa da Saudade”, de Flávio José, já explica muito da residência casa da qual seu Vivaldino Amâncio Araújo, 70 anos, juntamente com sua esposa Maria José Almeida, 57 anos, moram, que além de ser um importante material histórico para essa família, também resguarda a história do município de Capim Grosso.
Muito mais do que uma casa passada por gerações de uma família, a velha residência, localizada na Fazenda Curral de Pedra, também é a mais antiga construção ainda em pé de Capim Grosso e toda microrregião, sendo erguida no ano de 1825, pelo senhor Manoel Amâncio, conhecido por Cazuza, filho de Joaquim Amâncio, o proprietário de todas as terras circunvizinhas no século XIX, com um raio de 10 quilômetros de propriedade, e um dos tios de Zózimo Amâncio, que fundou a Fazenda Capim Grosso.
A casa tem seu valor histórico e cultural tão importante por ter sido mantida fielmente desde sua construção, logo na faixada dá para se perceber a arquitetura que resistiu séculos, com paredes altas, sendo toda erguida de tijolos de adobo, além de grandes janelas e portas, muito grossas feitas com madeira de cedro manso, e as portadas de margoso e pau d’arco.
Está cravada em cima da porta a data de sua construção e logo abaixo tem uma ferradura, que faz parte de uma reza feita ainda por seu Manoel Amâncio, que era um grande criador de gado e cabras, para que mortes misteriosas de seus animais parassem de acontecer.
O interior da casa parece uma viagem no tempo, um barro amarelo escuro dá um tom antigo ao local, todas as portas e portadas conservadas da época, um fogão de barro, bancos de madeira, ganchos das paredes, e até um velho varão de pendurar carne ainda está intacto na despensa.
A moradia hoje conta com três quartos, uma sala, duas cozinhas e uma despensa, mas ela ainda era ainda maior, pois segundo seu Vivaldino seu pai derrubou uma grande parte da qual existia um “geró”, uma despensa, corredor e uma enorme cozinha, por que a estrutura já estava debilitada.
“Toda madeira desta casa foi trazida do Morro Branco em um carro de boi, sendo construída por apenas dois homens, Zé Ribeiro e Antônio Tilisca, e levou um ano certinho para ficar pronta”, descreveu seu Vivaldino, conforme as histórias que o seu pai Agostinho Amâncio, que é um dos filhos de seu Manoel Amâncio, contava.
Ainda existe logo ao lado uma casa de farinha, com todos os seus equipamentos de madeira, que por décadas produziu muita farinha, mas há quase 20 anos está desativada.
Nesta residência nasceram todos os 10 filhos que Cazuza teve com sua esposa Francisca Angélica de Araújo, sendo eles Cilícia, Zefa, Jovino, Marcelino, Agostinho, Ananias, Ricarda, Maria, Cecilia e Pocedona, estando apenas as duas primeiras ainda vivas, “a casa foi feita antes até de Cazuza pensar em casamento, pois naquela época para casar antes tinha que ter a casa”, explicou seu Vivaldino.
Seu Vivaldino, que teve 10 filhos, assim como Cazuza, já vive neste grande centro histórico há 25 anos e não pretende sair, nem reformar a casa a ponto de modernizá-la, apenas fazer a manutenção para que não venha a ruir, já que essa conservação faz parte de uma promessa feita a seu pai Agostinho, “meu pai me disse: ‘ói’ não deixe a casa cair não, vamos morar e tomar conta! E agora se tiver um filho meu que tenha interesse em ficar tomando conta vai ficar pra ele”, explanou.
Fonte: Folha Regional

COMPARTILHE

Postar um comentário

»GPB - GIRANDO PELA BAHIA
A GENTE OUVE VOCÊ!


Destaque

NOVO CORONAVÍRUS REFLEXÃO - POR DR. FAGNER FERREIRA

 NOVO CORONAVÍRUS  REFLEXÃO   POR DR. FAGNER FERREIRA Infelizmente, a humanidade passa por um momento que nunca foi vivenciado e esp...

Postagens mais visitadas

 
Copyright © GIRANDO PELA BAHIA. Designed by Júnior Martins