Por Samuel Celestino
*Coluna de Samuel Celestino publicada no jornal A Tarde desta quinta-feira (17)
A Câmara e o Senado, às vésperas de estabelecerem mudanças em suas mesas diretoras, estão, novamente, em plena ordem do dia e sob foco da mídia diante da possibilidade de que o senador Renan Calheiros, carimbadíssimo como se sabe, retorne à presidência do Senado e Henrique Eduardo Alves eleja-se para o comando da Câmara dos Deputados. Ambos são do PMDB. Contam com o apoio do PT e de parte da base aliada da presidente Dilma. Acontece que, nos últimos dias, uma onda avassaladora de denúncias sobre utilização de dinheiro público ronda o senador e o deputado que, até agora, nada fizeram para esboçar qualquer defesa.
Os dois políticos, principalmente o alagoano, que volta à cena política, são parlamentares que refletem o passado. Políticos viciados que frequentam o Congresso munidos de mandato há longo tempo. O deputado e o Senador estão a receber uma fuzilaria da mídia de maneira geral. O jornalista Augusto Nunes, por exemplo, ontem anotou: “Num Brasil com cara de clube dos cafajestes, o senador alagoano vai presidir a Casa do Espanto e o deputado potiguar vai administrar o Feirão da Bandidagem. Faz sentido.” É. talvez faça. Calheiros, quando presidiu o Senado, foi obrigado a renunciar diante de tantos escândalos que explodiram em torno dele envolvendo seus “negócios” em Alagoas. Deixou o cargo e usou a tática do silêncio. Apagou-se, em outras palavras, provavelmente imaginando o momento certo para retornar ao cargo. Nada mais oportuno, portanto, do que substituir José Sarney.
Já o atual líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves, do PMDB do RGN, é outro de trajetória política incerta. Há várias denúncias que o envolvem. A última dá conta de que, com recursos federais, contratou uma empresa, a Bonacci Engenharia, através dos critérios que só o governo da União sabe, para a construção de casas, praças, barragens, instalações sanitárias etc, em seu estado. Só que a “Folha de S.Paulo”, tomando como base o endereço da empresa, descobriu que ela inexiste, pelo menos no local por ela indicado. Os convênios giram em torno de R$6 milhões e o dono da empresa era o ex-assessor de Alves na Câmara, Aluízio Dutra Almeida. A sede da Bonacci nada mais é do que um terreno baldio e o único vigilante da área é um bode branco que ganhou o nome de “galeguinho”.
Tanto Renan Calheiros como Henrique Eduardo Alves devem se eleger para presidir as duas casas congressuais, porque assim o PMDB quer e desse modo a presidente Dilma fecha os olhos, mas libera a sua base aliada para votar como bem entender por preferir ficar distante do Poder Legislativo e do seu lamaçal. Talvez o jornalista Augusto Nunes tenha razão ao se referir ao Senado como “Casa do Espanto” e a Câmara como “Feirão da Bandidagem.”
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