“Quero valorizar os educadores, mas tenho limites”, diz Jaques Wagner

Manutenção da greve, que já dura 56 dias, foi decidida em assembleia


O governador Jaques Wagner considerou a manutenção da greve dos professores da rede pública estadual “inexplicável”. Durante entrevista nesta terça-feira (5), na governadoria, ele disse que recebeu a decisão com “tristeza, decepção e indignação”.

Os decentes decidiram manter a paralisação, que já dura 56 dias, durante assembleia realizada nesta terça-feira (5). Os representantes da categoria recusaram a proposta oferecida pelo governador de conceder aumento de 22% a 26% até abril do ano que vem, através de promoções nas carreiras dos docentes.

Durante a entrevista, Wagner afirmou que a proposta de ganhos escalonados partiu de integrantes do Sindicato dos Professores (APLB) e ressaltou que os professores não precisarão de uma prova para conseguir o aumento e sim de cursos de qualificação.

Em contrapartida, o diretor de comunicação da APLB, Luciano Cerqueira, avalia que a proposta aparenta trazer uma compensação para a lei controversa que foi aprovada na Assembleia Legislativa em abril.

Na época, o governo aumentou o salário dos professores não licenciados, transformando a remuneração em subsídio. “A proposta do governador hoje é justamente para atingir quem tem graduação plena, especialização, mestrado, etc. Temos que analisar e discutir na assembleia se vamos aceitar ou se vamos apresentar outra ideia”, afirmou o diretor.

Assembleia na próxima semana
Os rumos da paralisação serão discutidos em assembleia na próxima terça-feira (12), o que também é criticado pelo governador.

“Não consigo entender o que passa na cabeça desses educadores e de suas lideranças. Fui sindicalista, da iniciativa privada, e (quando em greve) as nossas assembleias eram permanentes, às vezes duas ou três vezes ao dia. Eles, sindicalistas do serviço público, estão prejudicando os alunos mais carentes da sociedade”, disse.

Quanto à avaliação dos professores de que o governo estaria sendo intransigente, Wagner afirmou que cada vez que o governo se movimenta (apresenta uma proposta) “eles não saem do lugar”. “Quero, cada vez mais, valorizar os educadores, mas tenho limites”, observou.

Ganhos escalonadosSegundo a proposta do governador, as promoções ocorreriam por meio de cursos, com um aumento de cerca de 7% em novembro deste ano e outro do mesmo valor em abril do ano que vem – além do reajuste de 6,5% que o governo já concedeu aos servidores este ano.

Com os índices, o ganho real é de mais de 22%. Apesar de ter dito, na entrevista à TV Bahia, que o primeiro aumento seria dado em outubro, Wagner se corrigiu em conversa com o CORREIO, afirmando que esse pagamento seria feito, na realidade, em novembro.

A greve afeta mais de 1 milhão de estudantes da rede estadual.

Acordo assinado em novembroOs professores exigem o cumprimento de um acordo assinado em 11 de novembro de 2011 com o governo, no qual, segundo professor Rui Oliveira, da APLB, está firmado o compromisso de reajuste salarial da rede estadual, tendo como base o piso salarial nacional, que este ano é de 22%, “nos anos 2012, 2013 e 2014, a partir de janeiro de cada ano”. 

Na semana passada, o governador gerou uma polêmica ao declarar ao CORREIO que os 22,22% nunca existiram no acordo. Ontem, ele repetiu a declaração, explicando que esse número só surgiu depois da mudança do reajuste, regido pelo Fundeb, e não mais pelo IPCA.

iBahia

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