2020, um ano para ser esquecido? Não! Sirva-nos de lição. Outrossim, é um ano para ser ultrapassado com toda a pressa em todos os setores da atividade humana. Menos na ciência. Mais no comércio. Dois ramos nunca antes tão antagônicos.
Os cientistas, atletas sem músculos, sonham com longos dias de verão, de preferência com umas 72 horas cada, para dar tempo de evoluir seus estudos e experiências na busca desesperada pelo tratamento ou cura da Covid-19, sem que o novo coronavírus cause tantos transtornos e estragos ao planeta, embora o próprio planeta respire melhor e até recupere fauna, flora e rios durante a quarentena mundial, parada obrigatória imposta pelas autoridades médico-sanitárias e suportada como o mais amargo dos remédios pela maioria dos apreensivos governantes de plantão, políticos dos mais variados matizes ideológicos. Mas nenhum Churchill, Lincoln, Gandhi, Tancredo (o de Minas ou o do Sertão, na Bahia, que é o deputado Alex da Piatã, a quem o destino guarda um espaço inevitável de governador de Todos os Baianos um dia, político que remete imediatamente a outro nome baiano em destaque, o prefeito reeleito de Conceição do Coité, "São" Francisco de ASSIS, assim mesmo com letras maiúsculas lhe realçando o sobrenome, pelo qual também é muito conhecido... e conhecedor como poucos - afrontem-no com o microfone na mão e saberão do que estou dizendo) ou Mandela, dentre eles, o que deixa este rabiscador de quimeras tanto ou mais apreensivo.
Já os empresários deliram, desde que da China se espalhou trilhões de lírios e dólares pelos quatro cantos do mundo, por dias curtos que passem a jato, dias de umas doze horas de duração no máximo, e assim minimizarem seus prejuízos econômico-financeiros, a fim de que lá na frente, após a travessia, sobre-se-lhes alguma coisa para um recomeço, nem que seja da estaca zero, o que já seria lucro para tantos desavisados empreendedores que se contentaram em manter-se pequenos e levar uma vida pacata de casa no campo, ouvindo seus roques rurais. Lugar de empreendedor que se preze é nos leilões e pregões das megalópoles da esquina, tão despovoadas por esses dias, que a Terra se esbalda e esbanja mil azuis.
É certo que nem todos os empresários sucumbirão. Uma grande pequena parcela se aproveitará muito bem da terra despedaçada que a pandemia produzirá. Parcela que tal vez (per haps) nem sentirá os nefastos efeitos da devastação anunciada. Novamente os chineses se apresentam à cena, olhinhos puxados que enxergam à frente do seu tempo e até anteveem lances no tabuleiro multicolorido do jogo político e comercial do xadrez (que é sempre persa: como na ode do heterônimo Ricardo Reis). Se durante a passagem do furacão, esses orientais milenares já têm estoques prontos para suprir as principais demandas do mercado global, imagina depois! Claro que quem oferecer quantias mais altas pelo produtos mais desejados neste momento - respiradores mecânicos, máscaras, luvas, uma vacina que surja das nuvens...-, leva as mercadorias primeiro; não importando se já havia cliente esperando na fila. Cruel isso? Não no ambiente frio e calculista do mundo dos grandes negócios, principalmente em tempos de guerra. E, no mundo dos negócios, sempre é tempo de guerra entre as grandes potências. Se não for, inventa-se uma rapidinho. Ou alguém acha que não há um cheiro, sem pólvora, de terceira guerra, lâminas invisíveis, no ar? Se você não sente esse cheiro, nem o gosto, é bom ficar alerta: perdas de olfato e paladar são sintomas graves de contaminação por Sars-CoV-2. E, às vezes, nem dá tempo de tocar um tango argentino. Nem um blues.
A não ser que despertemos nesta Páscoa e, quando a morte vier, tudo não tenha passado de um pesadelo imenso. E saibamos renascer...
(Pedro Ramúcio )
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