Embora a sucessão do governador Jaques Wagner já esteja praticamente nas ruas, é público e notório que tanto o governo quanto a oposição têm dificuldades para definir os seus candidatos.
Um de sete
Pelo lado do governo, tudo parecia ir bem, mas está cada vez mais difícil a definição, ou em razão do cenário econômico, ou pelas mudanças no campo político. O certo é que pelo menos sete nomes estão reivindicando a vaga: Rui Costa, José Sergio Gabrielli, Walter Pinheiro e Luiz Caetano (PT), além de Otto Alencar (PSD), Lídice da Mata (PSB) e Marcelo Nilo (PDT).
Por exclusão
Por exclusão, diante dos últimos acontecimentos, o nome do ex-prefeito de Camaçari, Luiz Caetano, é carta quase fora do baralho. Se já não tinha tanta força junto ao governador e outros caciques petistas, mais difícil ficou agora após os problemas enfrentados por ele referentes às suas duas gestões no município do Pólo.
Entre Deus e o Diabo
Outro que vive um processo de exclusão é José Sergio Gabrielli, que dependeria de variáveis diferentes para ter o seu nome escolhido. Com problemas com a presidente Dilma Rousseff desde os tempos em que presidiu a Petrobras, Wagner teria dificuldades em escolhê-lo para ser o homem do palanque na reeleição da presidente Dilma na Bahia. Por enquanto, Gabrielli ganha sobrevida porque é o nome de Lula, que, mesmo sendo importante, não é tudo.
O querido do rei
Antes era apenas especulação, mas agora não há mais dúvida: Rui Costa, o secretário de Relações Institucionais, é o candidato do governador Jaques Wagner. Amigos e companheiros de lutas sindicais, os dois se entendem perfeitamente. A primeira prova de que Rui seria o preferido de Wagner foi quando ele foi chamado para deixar Brasília e reassumir uma secretaria importante no governo.
Segunda prova
A segunda prova foi a própria repercussão da posse de Rui Costa na secretaria de Relações Institucionais. A terceira prova foram as próprias declarações de Wagner. A quarta, são as próprias ações do governador, que escala o seu pupilo mesmo fora de sua posição, ou seja, com ações políticas que bem poderiam estar a cargo de ouro secretário. Mas, para ter contato com as bases e lideranças interioranas, Rui percorre a Bahia, ora tratando da seca, ora entregando máquinas.
As conseqüências
Contudo, apesar da preferência de Wagner, há um perigo rondando o Palácio de Ondina, soprando nos ares: “Não bote, não bote que perde”. Mas o governador aposta, e Rui segue percorrendo o interior.
Outro sinal
Quem tem experiência política entende alguns recados das ruas, ou melhor, das esquinas. Não me refiro aos protestos recentes, mas às opiniões pela Bahia afora, por onde se passa, ou na Assembleia Legislativa, ou em outro encontro com populares. Há duas conversas: o desencanto por um candidato do PT; e a resistência ao nome de Rui Costa.
Fator Lídice
Mas para decidir o seu candidato, o governo ainda dependerá de como ficarão os palanques nacionais em 2014. O caso da senadora Lídice da Mata, por exemplo, pode não ser um complicador mais à frente, mas trata-se de um imbróglio que só será decidido após a posição do governador Eduardo Campos. Se ele sair candidato á Presidência, Lídice terá que lhe fazer palanque na Bahia e desfalcar o time de Wagner. Se não sair, Lídice poderá, também, reivindicar ser a candidata do governo, até porque é quem melhor pontua nas pesquisas.
Fogo de monturo
Tem ainda o nome de Otto Alencar (PSD), que dizem ser o que mais agrega para vencer a eleição. Experiente, Otto não se manifesta, mas alguém grita por ele. Aceita ser candidato ao Senado, mas se o cavalo passar selado, com a candidatura ao governo, ele monta.
O homem da caneta
O Presidente da Assembleia, Marcelo Nilo (PDT), diz em prosa e verso que quer ser candidato ao governo “porque terei a caneta para decidir”. Com gás novo depois do Congresso Nacional do partido, neste final de semana, que aprovou candidatura própria ao Planalto e aos governos estaduais, ele vai insistir por mais um período. Se acontecer, ótimo; se não, uma vice não será ruim.
Outros nós
Além das dificuldades de definir o candidato, o governo também terá de enfrentar vários problemas. Um deles seria a própria unidade entre os pré-candidatos. Recentemente, por exemplo, Otto e Nilo trocaram farpas pela imprensa, um desdenhando do outro.
Baixos índices
Mas tem ainda o baixo desempenho dos pré-candidatos governistas nas pesquisas divulgadas até agora, onde apenas a senadora Lídice da Mata apresenta níveis satisfatórios.
Economia
Talvez o dado mais importante a ser observado é o fraco desempenho da economia nacional, que poderá ter forte impacto nas eleições, inclusive para os governos estaduais. No caso particular da Bahia, o recente decreto baixado pelo governador mostra toda a realidade do Estado, com enxugamento da máquina, contenção de gastos com pessoal e demissões.
E a oposição?
Teoricamente, hoje, a oposição teria quatro pré-candidatos. Um seria o sonho de consumo, mas já descartado por ele mesmo: ACM Neto (Democratas); outro seria para o PSDB não ficar refém de futuras negociações: João Gualberto; outro seria uma espécie de candidato eterno, mas um tanto quanto pesado: Geddel Vieira Lima (PMDB); e o último, que finge não querer mas recentemente ressurgiu como um fênix: Paulo Souto (Democratas).
Geddel
O partido quer e ele dificilmente abrirá mão de disputar o governo baiano no próximo ano. Disposto até a sair das asas da aliança nacional entre PT-PMDB, Geddel está escaldado com o resultado da eleição de 2010, quando Lula o incentivou a formar um palanque duplo para Dilma na Bahia, mas durante a campanha escancarou a sua preferência por Wagner. Por isso conversa com Eduardo Campos e Aécio Neves, disposto a ser oposição lá e cá.
Souto
As recentes pesquisas parecem ter animado o ex-governador Paulo Souto (Democratas), o candidato da oposição derrotado em 2010. Quando diz que é cedo para a oposição definir o seu candidato é porque aceita entrar no páreo e ver o que acontece mais adiante. Pode não ser um bom político, mas é um nome técnico, que pode, inclusive, jogar Geddel para o Senado.
A chapa
Aliás, uma fonte governista revelou recentemente que o governo teme enfrentar ACM Neto, se ele aceitasse disputar o governo em 2014. Mas teme, também, a chapa Paulo Souto (candidato), João Gualberto (vice) e Geddel Vieira Lima (Senado). O difícil é Geddel aceitar.
Por Evandro Matos
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