O Pará, Salgadália e a explosão de Coité

Victor Pinto*
O plebiscito sobre a divisão do território do Pará em dois estados me lembrou da luta da emancipação do distrito de Salgadália. Mas o interesse de lá é diferente do de cá. A divisão do Pará foi interesse dos políticos das regiões distantes que fizeram uma campanha ferrenha de bandeira e tudo. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, a criação dos estados de Tapajós e Carajás foi rejeitada por 66,08% e 66,60% dos eleitores paraenses, respectivamente, ou seja, a população não quis.
O eterno distrito de Conceição do Coité, criado em 1953, não tem essa força política do Pará, pois é alvo de interesses partidários, principalmente das eleições municipais. A “luta” pela emancipação do local já passa de duas décadas e a população tem interesse em ver o distrito transformado em cidade, e se fosse votar em um plebiscito, creio que boa parte diria sim à elevação. Em meados de novembro, a discussão reacendeu após estudantes saírem às ruas com bandeiras e carro de som para bradar: “Salgadália Livre”.
Salgadália, maior que cerca de 50 municípios baianos, tem uma movimentação financeira que engorda o PIB de Conceição do Coité e tem muitos eleitores, somados aos povoados próximos. Creio que a oposição e a situação de Coité não teriam tanto interesse na elevação do distrito, pois haveria a perda das bases eleitorais, inclusive de lideranças importantes, e a prefeitura teria queda de receita, principalmente das verbas federais. As autoridades locais dizem que o processo emancipatório depende do governo federal e do Congresso, pois está em tramitação uma lei que trata sobre o assunto. Acredito que falta apenas um empurrão a mais de cobrança aos parlamentares com bases políticas na região para a criação da cidade salgadense e seus poderes Executivo e Legislativo.
Explosão – Do jeito que as obras designadas pela prefeitura se desenrolam, derrubando todas as árvores da cidade, Conceição do Coité vai explodir de calor. Já basta o aquecimento global que aumenta a temperatura terrestre a cada ano, a natureza, tão cobiçada por ser considerada uma das salvações da Terra, é devastada. Fala-se na recolocação das plantas, mas daqui que elas cresçam, tenham seus galhos com muitas folhas que realizem um bom processo de fotossíntese e façam sombras, vai demorar muito.
O ano de 2012 também terá uma explosão de ânimos, por conta das eleições. O clima esquentará, tanto pela falta de árvores e o aumento da temperatura terrestre, quanto pelo calor dos debates e das movimentações partidárias. Quem viver verá.

[/Texto publicado na edição 81 do Correio do Mês]
  
Victor Pinto, 19 anos, é estudante de jornalismo da UFBA, estagiário do Política Livre e diretor do jornal Correio do Mês de C. do Coité.

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