Bahia Agrícola :o sisal

Cultura, que é fonte de renda de cerca de 1 milhão de baianos, ainda é pouco explorada no estado
João Santana, ex-ministro da Integração Nacional
João Santana
 Ex-ministro da Integração Nacional


Alternativa das mais vantajosas para o semiárido nordestino, em especial para as caatingas da Bahia, tornou-se a cultura do sisal mais uma vítima do descaso e da incompetência com os quais os governos baianos têm tratado a economia agrícola nas ultimas décadas.
Originário da península do Yucatan, no México depois de passar pela Flórida, nos Estados Unidos, o Agave (nome científico do sisal) chegou ao Brasil, precisamente no Estado da Bahia por volta de 1903. Infelizmente ninguém registrou os 100 anos desta cultura em nossa terra e os benefícios que ela nos trouxe.
Efetivamente, apesar dos percalços que envolvem a exploração do sisal nestes 100 anos teríamos muito a comemorar, pois graças a esta planta semixerófila, que se adaptou aos nossos solos sílico-argilosos, argilo-silicosos e até mesmo a solos pobres, pudemos empregar nos últimos 50 anos entre 200 e 400 mil trabalhadores rurais que de modo direto e indireto sustentaram uma população em torno de 1 milhão de pessoas.
Somente este envolvimento, do sisal com a sobrevivência e os destinos de tanta gente, já justificaria atenção especial por parte dos governantes do Estado.
Para exemplificar sobre os ineficientes tratos culturais que praticamos, informamos que enquanto obtemos cerca de 800 kg por hectare, a Tanzânia, na África, consegue atingir 2.000 mil kg por hectare .
Hoje praticamente produzimos, consumimos e exportamos a fibra do sisal em forma de corda e barbantes. E graças a alguns cidadãos vocacionados para o bem público, registramos aproveitamento desta fibra como artesanato na região sisaleira, ações estas desenvolvidas de forma cooperativada e que deveriam receber total apoio governamental, pois é um exemplo de iniciativa de moradores da região.
Porque motivo não foi incentivado na Bahia o plantio de Agave Weberi, tão propícia à fermentação alcoólica? Pois bem, os mexicanos sabiamente usam este cultivo para a fabricação de tequila e outras bebidas que rendem fama e prestígio, além de geração de divisas para aquele país.
Os únicos registros sérios de pesquisas nestas atividades foram realizados por cientistas do Rio de Janeiro na década de 50. Vejamos o que concluíram estes pesquisadores.
Do môsto fermentado de suas folhas se consegue 3,5% de álcool, 14% de pectina e 4% de cêra. O caldo contém açúcares, cálcio, nitrogênio, proteínas e pectina. A bucha encontra aplicação na estofaria e na fabricação de papel, pois ela também é portadora de celulose. O bagaço também é rico em pasta de celulose de boa qualidade. Pode-se usar ainda o caldo (môsto) integral em forma de melaço para forragem animal. Tudo isso além da fibra, único produto que usamos na exploração agroindustrial.
Diante dessas considerações, e em se tratando de uma cultura da qual ainda dependem cerca de 1 milhão de baianos localizados em 5 micro-regiões do Estado, e ainda em respeito aos 100 anos de trabalho dos produtores rurais em condições extremamente adversas, é fundamental que o governo da Bahia tome posição quanto ao seu papel na existência desta importante cultura agrícola e determine o lugar que caberá ao sisal no planejamento da economia agrícola do Estado da Bahia.

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