Repórter Record Investigação denuncia a exploração em lavouras de sisal do Nordeste

 

Adriana Araújo estreia na reportagem do Repórter Record Investigação
Adriana Araújo em reportagem do Repórter Record Investigação (divulgação)

A equipe vai até o semiárido nordestino para mostrar o trabalho desumano de adultos e crianças nas lavouras de sisal — matéria-prima para produção de cordas, chapéus e tapetes

Eles trabalham sem descanso até a exaustão para ganhar metade de um salário mínimo por mês. Muitos contam com a ajuda dos filhos pequenos para completar a renda da família e escapar da miséria. Outros vivem como nômades, de cidade em cidade, em busca da sobrevivência.

São trabalhadores que se arriscam nas plantações de sisal no semiárido nordestino. O sisal é uma planta em que se usa a fibra das folhas na produção de cordas, bolsas, chapéus e tapetes.

Durante 12 dias, os jornalistas Adriana Araújo, Laura Ferla e Gilson Fredy acompanharam de perto a triste realidade desses brasileiros. A edição é de Mariana Ferrari.

Miga começou a trabalhar nos campos de sisal com apenas sete anos. Virou cevador aos 14. Cevador é o responsável pela máquina que separa a fibra do resto da planta, depois de colhida.

"Trabalho mais de 12 horas por dia. Eu acho que é escravidão, eu me sinto escravizado", desabafa.

Cevadores como Miga podem sofrer acidentes graves ao operar o motor. Foi o que aconteceu com seu Jailton e seu Diodato. Os dois tiveram as mãos decepadas pela máquina.

"Eu tinha 15 anos quando a máquina cortou meu braço", conta seu Diodato. Aos 43 anos, seu Jailton ainda trabalha mesmo após ter perdido a mão esquerda ao manusear o motor. Agora, ele é resideiro — limpa as sobras da planta.

As crianças também carregam um fardo pesado nos campos de sisal. Os pais são obrigados a levar os filhos para as plantações porque precisam aumentar a renda da família no final do mês.

"Recolho todas as folhas cortadas pela minha mãe, depois levo a carga para o jegue", conta a jovem de 13 anos.

Nossos repórteres também registram o dia a dia dos nômades sisaleiros. Esses trabalhadores viajam centenas de quilômetros, de cidade em cidade, atrás de trabalho. Para garantir a sobrevivência até se isolam na mata.

Depois de uma semana longa e desgastante, os lavradores esperam sentados no chão para receber salário. Mas esse é o dia do pagamento ou da angústia para quem depende de 70 reais por semana para sustentar a família?

A realidade de miséria e abandono nas plantações de sisal


Plantações gigantescas de sisal se estendem por 65 cidades baianas. O estado é responsável por 96% do sisal brasileiro, o "ouro verde do Nordeste" que gera uma fortuna em exportações para o país. Mas a riqueza esconde a realidade de miséria e perigosas condições de trabalho para aqueles que vivem da colheita do sisal.

Confira os videos da matéria veiculada na Record TV





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Um comentário :

  1. Na verdade, o que vai para tapetes, bolsas e cordas é uma pequena parte. A maior parte é exportada e entra na composição de diversos materiais como fibra natural.

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