O PISA e a Educação – Alex Lopes

Através de diversas políticas afirmativas, um número significativo de jovens, vindos de camadas menos favorecidas da população acessou o ensino superior.
Fazendo uma retrospectiva sobre a história recente, vemos que, desde o Governo Itamar Franco, passando pelos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, chegando ao Governo Dilma, o país registrou grandes avanços, tanto no campo econômico, quanto na área social.
Com a criação do Fundo de Combate a Pobreza, em 2000, através da EC 31, foi possível ao país por em prática diversas políticas de transferência de renda. Passados quase treze anos do “Bolsa Escola”, precursor do “Bolsa família”, o país registra um saldo de pouco mais de 36 milhões de pessoas retiradas da linha de pobreza extrema.
Através de diversas políticas afirmativas, um número significativo de jovens, vindos de camadas menos favorecidas da população acessou o ensino superior.
Não obstante todos esses avanços, os nossos ganhos na educação têm sido mais quantitativos do que qualitativos. Isto é o que revelou a mais recente edição do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), promovido pela OCDE, Organização que reúne as 34 economias mais desenvolvidas do mundo.
Segundo se apurou por aquele estudo, no domínio da matemática, o aluno brasileiro do ensino médio, comparativamente com os seus colegas sul-coreanos, acha-se defasado em 4 anos de conhecimentos adquiridos. Com relação aos norte-americanos, esse atraso é de pouco mais de 2 anos.
Essa defasagem nos remete a uma reflexão mais profunda sobre o nosso sistema educacional, quando consideramos que, desde 2003, o Brasil foi o país que mais se elevou no desempenho em matemática. Sua nota média subiu de 356 para 391.
Mas esse avanço não nos levou melhores colocações no ranking estudado pela OCDE. No universo de 65 países analisados,o Brasil é o 58º em matemática, o 55º em leitura e o 59º em ciências. Não são números compatíveis com a nossa posição de 7ª economia mundial.
Diante desse quadro, muitos vêem na elevação dos investimentos a solução para a nossa problemática, a exemplo do Projeto do futuro Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece uma elevação gradativa nos próximos 10 anos de investimentos em educação dos atuais 5.2% para 10% do PIB. Não divergindo dessas propostas, tenho para mim que a solução é mais complexa do que parece.
Hoje o país investe 5.2% do seu PIB em educação, contra 3.7% de 1995. No entanto, essa elevação de investimentos não foi capaz de evitar, por exemplo, que 9,6 milhões de jovens entre 15 e 29 anos,esteja longe dos estudos, segundo divulgou o IBGE há poucas semanas.
Há uma relação direta entre o nível de aprendizagem e a produtividade e a renda do país. Portanto, precisamos urgentemente rever o modelo educacional, colhendo experiências bem sucedidas aqui e acolá, de modo a contribuir com a emancipação do nosso povo, através de novos métodos de ensino.
Não nos basta ter tirado 36 milhões de pessoas da linha extrema de pobreza, ter dado acesso a mais jovens as universidades, se o sistema educacional que lhes propiciamos não se revela capaz de elevar sua aprendizagem e fazer das futuras gerações agentes econômicos para aumentar a produtividade de nossa economia. Corremos o sério risco de, pela perda de espaços no mercado mundial, ver estagnados todos os avanços até aqui obtidos pela nossa mania de pensar que tudo se resolve apenas com dinheiro.


ALEX LOPES - VICE-PREFEITO E SECRETÁRIO DE SAÚDE DE CONCEIÇÃO DO COITÉ – BA

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