Com realização da Fundação de Apoio aos Agricultores Familiares – FATRES, Cooperativa de Agricultores Familiares e Grupos de Empreendimentos Solidários de Coité – COOAFES e a Associação de Nova Palmares a feira está sendo um momento ímpar na historia da localidade que está comemorando seus 16 anos de existência.
Com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar, tendo em vista o desenvolvimento rural e local sustentável, a divulgação dos produtos oriundos da agricultura familiar,a troca de experiências de saberes,a apresentação e debate de novas tecnologias para a agricultura familiar, o acesso ao mercado justo, a comercialização, a geração de renda e a agregação de valor aos produtos, começou na sexta-feira,10,e vai até este domingo (12), no Assentamento de Nova Palmares, em Conceição do Coité, a 1ª feira da reforma agrária e economia popular solidária do território do sisal.
A comunidade que fica distante cerca de 12 km da sede do município nunca deixou de celebrar a data marcante de 12 de janeiro, promovendo atividades que venham a mexer com a memoria de cada assentado que teve uma luta árdua até conseguir por definitivo a posse das terras. E na manhã de sábado foi formada uma mesa com lideranças dos movimentos que se uniram a luta e seus representantes relembraram as dificuldades no período e os contaram os resultados positivos até o momento atual. Todos falaram de avanços, mas não esconderam que ainda são poucos os investimentos no movimento de reforma agrária e na agricultura familiar.
Para Gregório Urbano Santana Araújo, conhecido por Adelson, presidente da Associação dos Pequenos Produtores do Assentamento Nova Palmares, ele quem abriu os discursos, os avanços foram rápidos, pois a ocupação aconteceu no dia 12 de janeiro 1998 e graças às lutas com as entidades parceiras foram concretizados muitos projetos nesses 16 anos, mas a luta é constante e deve continuar.
Urbano Carvalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Conceição do Coité, um dos assentados de Nova Palmares disse que ainda falta muito, principalmente na infraestrutura, principalmente calçamento, pois quando chove fica impossível transitar. Sobre a feira, Urbano falou que serviu para mostrar a luta dos assentamentos, que, em seu entendimento, é uma luta de todos os dias, pois as terras estão nas mãos de quem não produz e por este motivo dedica todos os seus finais de semana nas áreas de reforma agrária.
O vice-prefeito Alex Lopes (PMDB), representou o prefeito Francisco de Assis (PT), que está viajando. Alex falou em seu pronunciamento que não poderia falar de Nova Palmares sem lembrar de Urbano de Carvalho, símbolo desta luta.O vice prefeito que também é secretario de saúde reafirmou o compromisso do prefeito Assis em realizar no povoado de Baton vizinho a Palmares, sua primeira obra, o que vem acontecendo. Ele falou também da preocupação do prefeito com o assentamento e a infraestrutura da comunidade também é compromisso.
Vereador Renivaldo Lima (PT), disse ser testemunha da organização do Assentamento de Nova Palmares e o que falta é a presença do poder público. Rene, como é conhecido o parlamentar, repetiu muitas vezes a falta de apoio das autoridades aos movimentos da área de reforma agrária e citou o exemplo do assentamento 1º de Maio na região de Salgadália, que está há quase dez anos “debaixo” da lona.
A Reforma Agrária é um conjunto de propostas, medidas e alterações nas leis que visa promover a distribuição de terras no país. Não se trata somente de destinar propriedades rurais a quem não possui, mas também de garantir condições de sustentação por parte dos pequenos e médios produtores rurais para evitar novos problemas com a concentração de terras.
Para Elizângela Araújo, representante da CUT, existe no Brasil um sério problema de concentração fundiária, ou seja, de concentração da posse de terras. Alguns dados revelam que menos de 2% das propriedades rurais do país possuem mais de 1.000 hectares. No entanto, essas propriedades ocupam quase 45% do território. Por outro lado, as pequenas propriedades, com menos de 100 hectares, representam mais de 80% das propriedades, porém, juntas, só ocupam 20% do território.
Por esse motivo, é importante realizar uma política de reforma agrária no país, a fim de diminuir o número de latifúndios, principalmente aqueles considerados improdutivos, e distribuir melhor a posse sobre a terra, gerando mais renda e trabalho para o trabalhador do campo.
A ex-prefeita de Itiúba, Cecilia Petrina, lembrou da história da comunidade e sua presença na luta e intitulou com “mãe da luta”. “A luta pelo direito e pela terra é a filha que eu não entrego”.Petrina que é advogada disse que nunca usou sua carteira para defender latifúndios ou empresários, “me lembro bem que chegava acompanhada com pessoas de chinelo, bermuda, chapéu de couro e de palha nos tribunais para defender os sem terra e os agricultores familiares, e lá deparava com o advogado vestido de terno com gravata de seda, descendo de carrão do ano, o brilho do sapato dava para uma mulher se maquiar, pois parecia um espelho, mas não nos intimidava, pois buscava o que era justo para os trabalhadores e muitas conquistas alcançamos”, contou a ex-prefeita.
Gilca Carneiro secretaria de Agricultura, Meio Ambiente e Economia Solidária parabenizou a luta dos assentados e aqueles que contribuíram pela conquista das terras, e disse que conhece bem o principio de tudo. Sobre os frutos disse com alegria que já existem pessoas assentadas, nas universidades, inclusive cursando Direito. Disse que acredita que o prefeito Assis vai se empenhar para ajudar ainda mais no desenvolvimento da comunidade. Citou a necessidade da construção de uma Unidade de Saúde da Família, entre outras necessidades.
Ainda no sábado, após a abertura oficial, foram realizadas oficinas temáticas sobre educação do Campo e Cultura na Reforma Agrária com a pedagoga Núbia Silva e professora Editem Faria, segurança alimentar e nutricional com Kamila Ferreira e alimentação Alternativa com Maria Baia. No final da tarde os participantes da feira aproveitaram para visitar os stands.
Uma unidade móvel da ASCOOB também está na Feira atendendo todo tipo de serviço encontrado nas cooperativas de credito da região, exceto saques.
Neste domingo, acontecerá intercâmbio com troca de experiências entre as comunidades, celebração eucarística e festa comemorativa ao aniversário dos dezesseis anos de assentamento e apresentações culturais com os grupos musicais Quixanayah (Reggae), Dueto, Sorriso de Menina e Mel com Pimenta.
Presença do SINEBahia – Durante todo o dia de sábado, o SINE Bahia montou uma agência itinerante para emissão de documentação por meio do SINE Bahia (CPF, RG, Carteira de trabalho e Reservista).
Redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas
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