Fora de Salvador, elas são diamantes da sucessão nos municípios. Juntas, concentram 1.552.204 eleitores, 15% do universo dos mais de 10 milhões de pessoas aptas a votar em todo o estado.
De olho no potencial decisivo para projetos políticos, 42 candidatos de 18 legendas entraram na arena de batalha pelo comando dos dez maiores colégios eleitorais baianos, numa disputa marcada por rachas, raras unidades e muita salada partidária.
Na maior delas, Feira de Santana, cinco candidatos se lançaram à disputa. Apesar da presença de dois integrantes de partidos nanicos, PPL e Psol, a briga está em torno de três nomes. Entre os quais, o ex-prefeito Zé Ronaldo (DEM), um dos poucos candidatos que conseguiram a proeza de reunir um único campo político - a oposição ao governo do estado, composto ainda pelo PMDB, PSDB, PTN, PPS, PSC e PV, fora PTB e PRP, ligados da base aliada ao governador Jaques Wagner.
Em contrapartida, as legendas governistas não conquistaram a unidade e sairão rachadas para enfrentar Zé Ronaldo. De um lado está o deputado estadual Zé Neto (PT), que tem a predileção confessa de Wagner. Do outro, o atual prefeito Tarcízio Pimenta, cuja mudança do DEM para o PDT não o blindou contra o avanço petista.
A tônica eleitoral em Feira é a mesma de Vitória da Conquista, cidade do Sudoeste baiano dona do segundo maior número de eleitores do interior. Lá, DEM e PSDB conseguiram afinar o discurso em torno do radialista e blogueiro Herzem Gusmão (PMDB), numa coligação que reúne os aliados governistas PRP e PMN. No entanto, o PV e o PPS, que embarcaram no barco oposicionista em grande parte do estado, lançaram os ex-deputados federais Edigar Mão Branca e Elquisson Soares, respectivamente.
No flanco oposto está o atual prefeito Guilherme Menezes (PT), cujo partido aposta na vitória ainda no primeiro turno - Feira e Conquista são as únicas cidades do interior que terão eleições em duas etapas. Mas, assim como em Feira, o petista terá que lidar com um adversário da base governista: o pedetista Abel Rebouças, ex-reitor da Universidade Estadual da Bahia.
Sopa de letras
Em Camaçari, a navalha da desunião caiu sobre o front oposicionista, em meio à mistura de siglas dos mais diferentes projetos ideológicos. O núcleo duro da frente antipetista na Bahia - formada por tucanos, democratas e peemedebistas - não conseguiu repetir, em maior ou menor graus, a aliança em Feira e Conquista e saiu esfacelado para a briga de 7 de outubro.
O DEM, junto com o governista PTB, apoiou a candidatura de Maurício Bacelar (PTN), que de quebra recebeu o abraço do ex-prefeito José Tude e, na sequência, mudou seu nome eleitoral para Maurício de Tude. O PMDB aderiu ao vereador José de Elísio (PP), enquanto o PSDB de Tereza Giafonne agregou o PPS.
Na sopa de letras da cidade da Região Metropolitana, quem parece ter lucrado foi o petista Adelmar Delgado, candidato do atual prefeito Luiz Caetano (PT). Mesmo com baixa de partidos da base aliada, o ex-secretário da prefeitura compôs uma aliança formada por nada menos que 18 partidos, alguns com forte expressão eleitoral, a exemplo do PSB, PDT e PCdoB, além do neo-oposicionista PV baiano.
Tradição
Presidentes estaduais de legendas envolvidas na sucessão têm lá suas teses para explicar o mix que domina as candidaturas nas joias eleitorais do interior. “Há uma falta de identidade e ideologia partidárias muito grande (nas cidades), devido às pluralidades locais e particularidades nos arranjos políticos nos municípios”, avalia o deputado federal Lúcio Vieira Lima, do PMDB.
Isso explicaria casos como o de Itabuna, onde o atual prefeito, Capitão Azevedo (DEM), conseguiu a adesão do coirmão PSDB, PMDB e PTN, mas abocanhou também PTB, PSL e PR, que pertencem ao arco de alianças do governo do estado. Já a petista Juçara Feitosa levou sete partidos para sua coligação, entre os quais PDT, PSB e PSD, mas não conseguiu impedir que o governista PRB lançasse o vereador Claudevane Leite, o Vane da Renascer, com as bênçãos do PCdoB.
“A meu ver, isso (a existência de rachas até na base aliada) mostra tão somente a fragilidade da oposição. É tanto que, na maioria das grandes cidades, as disputas principais se dão entre partidos da base”, analisa o presidente estadual petista, Jonas Paulo.
Ele cita como exemplo quatro casos: Ilhéus, onde o ex-prefeito Jabes Ribeiro (PP) enfrentará Carmelita Ângela (PT); Lauro de Freitas, com a batalha entre Márcio Paiva (PP) e João Oliveira (PT); Jequié, que sinaliza para a polarização entre o deputado Euclides Fernandes (PDT) e a ex-primeira-dama Tânia Brito (PP); e Alagoinhas, cuja disputa está centrada entre o prefeito Paulo Cézar e o deputado Joseildo Ramos (PT).
Cisões e confusões na disputa
Mesmo com a eliminação das barreiras ideológicas entre os partidos nas eleições do interior do estado, há quem garanta respeitar o ideário de suas legendas. É o que afirma o presidente estadual do DEM, José Carlos Aleluia. “É claro que política é sempre local, os partidos são locais. Mas nós não fazemos alianças fora de nosso campo político. Procuramos estabelecer a linha de oposição, mas pode ocorrer alguns casos (fora da diretriz)”, afirma.
Entre as cidades que escaparam à lógica do dirigente democrata está Alagoinhas, onde o DEM resolveu apoiar o prefeito Paulo César (PDT). “Lá, nós seguimos a orientação do líder da oposição na Assembleia, deputado Paulo Azi (DEM)”, disse. Nesse caso, a ideia foi manter a posição antipetista, já que no outro lado da urna está o petista Joseildo Ramos.
Em Alagoinhas, os acordos políticos não trouxeram um ara de estranheza política para o DEM. Apesar de minimizar a tensão na base aliada, o presidente estadual do PDT, Alexandre Brust, revela certo desconforto com a candidatura petista. “Mesmo estando no PSDB (em 2010), o prefeito Paulo Cézar apoio o governador Jaques Wagner. Mas o PT resolveu colocar a candidatura e vamos para disputa”, afirma.
Já em Juazeiro, a disputa ganhou estampa de confusão. Mesmo contra a direção petista nas esferas municipal, estadual e nacional, o deputado Joseph Bandeira (PT) resolveu peitar a cúpula partidária para lançar candidatura, contra o prefeito Isaac Cavalcanti (PCdoB), e recorreu à Justiça. “Essa questão está resolvida. Até hoje, nunca conheci candidaturas avulsas”, disse o presidente da legenda, Jonas Paulo.
Para comprovar a tese de que, no interior, o nome faz o partido, e não o contrário, em Teixeira de Freitas é outra cidade que terá a base aliada desunida: o deputado Temóteo Brito (PSD) vai encarar o petista João Bosco. E assim caminha, rachado, o interior nas eleições 2012.
(Informações do Correio).
Postar um comentário
»GPB - GIRANDO PELA BAHIA
A GENTE OUVE VOCÊ!