Por Victor Pinto*
Há anos escrevi um artigo intitulado “Eu acredito na rapaziada”, título da música de Gonzaguinha, que traz uma reflexão pertinente sobre a participação dos jovens no processo político social da comunidade. Retomei os pensamentos do texto citado quando li a seguinte frase de Platão: “Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles gostam”. É a mais pura verdade que cada vez se torna intrínseca na sociedade em que convivemos.
A juventude atual, tão transviada e menos participativa como a da de 70, 80 e 90, não se importa com a sociedade e o conjunto político das ações que os cerca. Cada vez mais surgem novos eleitores, obrigados, que dizem não gostar da política e, às vezes, os que dizem gostar são repreendidos, inclusive pela própria família. O senso comum impera a informação de que todo político é ladrão, corrupto e desonesto... Portanto, do que serve creditar seu “prestígio” em alguém para assumir um cargo público? Vota apenas porque é obrigatório ou somos seres esperançosos? Somos movidos pela esperança, eu principalmente. Prefiro morrer tentando a não tentar, pois, já dizia o potiguar Câmara Cascudo: “Sou brasileiro e não desisto nunca”.
Existe uma esperança de nascer a nova classe de políticos que renovem os ciclos mais arcaicos da política, enraizadas hoje, praticamente, no Brasil colonial. Mas com essa geração quase cabeça oca o que será de nós? A maioria dos jovens não gosta de ler, se informar, não se interessa pela construção social da cidade e cresce sem graus de intelectualidade e engajamento que parte dos homens públicos atuais teve nos tempos de mocidade.
A política coiteense é mais do mesmo, tanto na oposição, quanto na situação. Não se vê caras novas, não se renovam os ciclos, o que é gravíssimo. São poucos os que se destacam no meio da velharada. O primeiro passo do engajamento é o voto, o poder dos dedos conferido pela constituição de escolher o seu candidato através de uma série de fatores, como o partido, o plano de governo ou até mesmo, como em muitos casos, por particularidades. Creio que votar aos 16 anos já é exercer esse compromisso com o Brasil e não fugir da luta, como cantamos no hino nacional.
O futuro pertence aos jovens que, na tradição, deverão comandar os pilares da sociedade. Mergulhar na leitura, na informação e no esclarecimento são os passos fundamentais para a nova juventude eleitora e política. Os conservadores não querem isso, mas temos que quebrar os cabrestos e a falta do senso crítico. Podem me chamar de utópico, mas acredito que sou apenas um esperançoso admirador da política e sabedor da sua real importância.
*Victor Pinto, 19 anos, é diretor do Jornal Correio do Mês de C. do Coité, estagiário do Política Livre e estudante de jornalismo da UFBA